Os dados do PIB do 1º trimestre, divulgados hoje pelo IBGE, reforçaram o cenário de fragilização da atividade econômica.

No primeiro trimestre de 2020, o produto recuou 1,5% na comparação com os três últimos meses do ano passado, de acordo com dados dessazonalizados, interrompendo uma sequência de quatro trimestres de crescimentos consecutivos. Na comparação com o mesmo período de 2019, o indicador caiu 0,3%, registrando alta de 0,9% no acumulado em quatro trimestres.

Analisando os números pela ótica da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos) subiu 3,1% contra o trimestre anterior e 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o Consumo do Governo apontou alta de 0,2% contra o quarto trimestre de 2019 (dados com ajuste sazonal) e ficou estável na comparação interanual. Por outro lado, o Consumo das Famílias recuou 2% na base trimestral dessazonalizada e 0,7% contra o 1T19.

Com relação as Exportações, houve retração de 2,7% no acumulado em quatro trimestres com a queda de 0,9% na margem (dados dessazonalizados). As Importações cresceram 2,9% no acumulado em 12 meses com avanço de 2,8% no trimestre encerrado em março, já descontados os efeitos sazonais.

Pela Ótica da Oferta (Gráfico 2), a Agropecuária avançou 0,6% contra o 4T19 e vem mostrando evolução no acumulado em quatro trimestres (1,6%). Já o setor de serviços, componente de maior peso no PIB, apresentou retração de 1,6% na comparação trimestral, destacando-se o mal desempenho em Transporte, Armazenagem e Correio, que retraiu 2,4%, e em Informação e Comunicação (-1,9%).

A Indústria, por sua vez, recuou 1,4% em relação ao trimestre passado com dados dessazonalizados, interrompendo uma sequência de três aumentos consecutivos, mantida a base de comparação. Já no acumulado em quatro trimestres, o setor ainda apresenta alta de 0,7%. É valido relatar que a Construção registrou retração de 2,4% na base trimestral, apontando a segunda queda consecutiva.

Após quatro trimestres consecutivos de alta na atividade econômica, o resultado da última divulgação veio em linha com as expectativas de mercado que esperavam queda no indicador, dados os efeitos das medidas de isolamento social adotadas a partir da segunda quinzena de março. Assim, o desempenho do PIB no primeiro trimestre deste ano marca o menor resultado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,2%) e simboliza o fim da trajetória de recuperação econômica que o país vinha apresentando até início do ano. Para os próximos meses, espera-se que o indicador siga bastante fragilizado e seja ainda mais impactado pelos efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, com aumento no nível de desemprego e limitação ainda maior da capacidade de consumo das famílias.

A seguir, a tabela com resumo dos números do PIB do 1º trimestre.