De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, o volume de vendas no varejo restrito subiu 1,0% entre os meses de fevereiro e março na comparação dos dados dessazonalizados.
Nesse período se destacaram alguns segmentos de menor relevância. Como o segmento de “Equipamentos e materiais para escritório”, que registrou alta de 13,9% no volume de vendas. Assim como o segmento de “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”, que viu as vendas subirem 3,4%.
Na avaliação dos economistas da Boa Vista, o crescimento tímido verificado nas principais categorias do varejo, retrata uma combinação de fatores pouco amistosa ao consumidor. Sobretudo quando se trata de alimentos e combustíveis, e também tende a “ditar” os rumos do setor ao longo do ano.
Os segmentos mais relevantes tiveram variações bem tímidas, mas positivas. “Combustíveis e lubrificantes”, “Super e hipermercados” e “Tecidos, vestuário e calçados” subiram 0,4%, 0,2% e 0,1% respectivamente. Destaque, também, para a queda de 5,9% no segmento de “Artigos farmacêuticos”.
Varejo acima do esperado
O resultado veio acima daquilo que era esperado pelo mercado, já que a mediana das projeções apontava um avanço de 0,4% nas vendas no período. Na comparação interanual o volume de vendas subiu 4,0%. E o varejo restrito acumulou alta de 1,3% na comparação entre o 1º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2021.
Também foi observada alta, de 1,6%, quando comparados os dados dessazonalizados dos três primeiros meses do ano com os três últimos do ano passado. Na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o crescimento passou de 1,7% para 1,9%.
Com inflação, juros e desemprego elevados, além da renda em queda, será surpreendente se o varejo continuar respondendo de forma tão positiva nos próximos meses.
Além disso, o encarecimento do crédito, com o aumento dos juros básicos e spreads, deve inibir as modalidades que dependem mais de financiamentos. Como móveis, eletrodomésticos, tecidos, vestuário e calçados. Dessa forma, o mercado espera uma desaceleração do crescimento do varejo nos próximos meses.
As pressões inflacionárias ganharam ainda mais força com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, tanto que, só em março, a variação nos preços das categorias relacionadas a alimentos e combustíveis representou 71,6% da variação total do IPCA, que por sua vez, tende a permanecer por mais tempo num patamar elevado.
Em 12 meses acumulados, o IPCA passou de 10,06% em dezembro de 2021 para 11,30% ao final do 1º trimestre de 2022. Além disso, o impacto do surto de covid-19 na China também deverá respingar noutras economias do mundo. No Brasil, inclusive, reduzindo a expectativa de um crescimento mais rigoroso do setor.