Desde que foi criada como empresa independente, em 2010 -- a partir do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), um banco de dados criado 55 anos antes por um de seus acionistas, a Associação Comercial de São Paulo --, a Boa Vista passou por uma revolução.
Deixou de ser um tradicional birô de crédito para se tornar uma companhia que alia inteligência analítica à alta tecnologia para transformar dados em soluções para empresas e consumidores. Para apoiá-la nesta mudança, a Boa Vista se tornou uma companhia de capital aberto (a única de seu setor de atuação), com a realização, em setembro de 2020, de seu IPO (oferta inicial de ações).
Agora, a Boa Vista está prestes a concluir mais uma revolução, a sua transformação digital. Neste processo, a Boa Vista conta com um aliado fundamental, a tecnologia do Google Cloud.
A opção pelo armazenamento de dados em nuvem foi uma consequência natural do redirecionamento da prioridade da Boa Vista em ser uma empresa de analytics -- e do seu próprio crescimento acelerado.
Hoje, a empresa dispõe não apenas do SCPC, mas de múltiplas bases de dados próprias e aquelas surgidas de inovações regulatórias, como os dados de milhões de brasileiros armazenados no Cadastro Positivo. Produzir as melhores soluções analíticas sobre estas imensas bases de dados é o foco da empresa.
Mas a empresa detectou uma questão que a impactava nesse movimento: a limitação na escalabilidade para seus recursos e processos. Com os sistemas e meios de armazenamento de dados existentes, a equipe de data analytics não conseguia testar, com a velocidade e a eficiência buscadas, múltiplos modelos analíticos simultaneamente e implementar técnicas modernas de machine learning.
Boa Vista Beyond
A empresa então apostou na criação da Boa Vista Beyond, iniciativa responsável pela migração de seu patrimônio informacional para a nuvem. O primeiro passo foi a construção de um data lake - sistema de armazenamento de dados que permite usá-los diversas vezes, assim como para diferentes fins e combinações - no Google Cloud.
O sistema proporcionou um processamento mais robusto, alta escalabilidade, além de aprimorar a segurança e a governança dos dados.
A implementação foi rápida. Em quatro meses, todo o ambiente originário da ferramenta anterior já estava operando de forma nativa no Google Cloud. Hoje, cerca de 80% das bases de dados mais estratégicas para a companhia já foram migradas – ao longo de 2022, 100% delas estarão na nuvem.
Uma das ferramentas do sistema, o BigQuery, utilizado para o armazenamento das bases de dados estruturadas, proporcionou uma grande evolução na governança das informações. Além de mais visibilidade em relação aos custos de consumo de cada produto e a segurança na disponibilização dos dados.
A centralização dos processos no data lake também possibilitou a aplicação de técnicas de mascaramento de dados, além da criação de bases sintéticas que reforçam a proteção de informações sensíveis.
A migração de Máquinas Virtuais (VMs), sistemas que simulam um ambiente computacional, foi outra ideia para a tecnologia de dados da Boa Vista. A partir da solução Migrate for Compute Engine, a equipe conseguiu mover para o processamento em nuvem, cerca de 500 VMs em quatro meses, abrangendo em torno de 7,5 mil processadores.
O resultado foi uma maior replicabilidade na reutilização de soluções, facilitando a migração de produtos já existentes e a criação de novos. Além disso, mais de mil horas de operação da equipe de infraestrutura da empresa foram automatizadas.
Análise de dados 20 vezes mais rápida
A migração para nuvem foi essencial para a implantação do Centro de Excelência em Analytics (CEA) da Boa Vista, no qual são desenvolvidas soluções, como softwares, voltadas não apenas para pessoas jurídicas, mas também para pessoas físicas.
As soluções desenvolvidas pelos cientistas de dados do CEA permitem, por exemplo, que empresas e instituições financeiras avaliem com mais exatidão clientes mais propensos a renegociar dívidas e a utilizar financiamentos para compras, e a fazer a gestão de riscos em relação a linhas de crédito.
Para proporcionar mais eficiência e celeridade no desenvolvimento das soluções da Boa Vista, a equipe do CEA trabalha sobre uma massa gigantesca de dados -- aplicando sobre eles algoritmos e machine learning –, que demandam uma imensa capacidade de armazenamento.
Agora os modelos analíticos gerados pela CEA contam com maior precisão e o processamento de dados é até 20 vezes mais rápido. Com isso, as equipes conseguem dedicar mais tempo aos testes para aprimorar os modelos, melhorando a qualidade dos produtos e a experiência do usuário final.
Em comparação com a infraestrutura anterior, hoje é possível entregar nove vezes mais modelos analíticos do que Boa Vista conseguia anteriormente. O desempenho só foi possível por conta da construção da plataforma de big data e a posterior migração de máquinas virtuais para a nuvem, que garantiram a escalabilidade necessária para treinar modelos analíticos complexos.
“O Google Cloud tem trabalhado muito próximo dos nossos engenheiros para poder fornecer a melhor solução em cloud”, comenta Eraldo Bernardino, o diretor de Tecnologia da Boa Vista. “É o que garante a resolução de todas as nossas demandas do dia a dia e dos problemas que encontramos pelo caminho para termos a velocidade que precisamos”.
Para Milena Leal, diretora de negócios com grandes empresas de Google Cloud para o Brasil, a parceria com a Boa Vista é o retrato da maneira como o Google Cloud pode apoiar as empresas a se tornarem mais competitivas, resolvendo seus problemas de negócios. “As empresas precisam dedicar-se ao seu core business, gerando negócios e contribuindo com o desenvolvimento do país. Nosso papel, portanto, é tornar aspectos operacionais mais simples e que demandem menos tempo do cliente”, conclui.
O trabalho da Boa Vista foi reconhecido durante a primeira edição do prêmio Google Cloud Customer Awards, realizado em outubro. Nele, foram reconhecidas as implementações em nuvem mais inovadoras de diversos segmentos e a Boa Vista foi uma das premiadas, na categoria Serviços Financeiros.
A parceria também tem proporcionado mais eficiência operacional e redução de custos, beneficiando os clientes. Exemplo disso é o produto BlueBox Boa Vista, ferramenta de marketing para empresas com inteligência analítica aplicada, que agora custa 15% do seu valor original.
A transformação digital foi acompanhada ainda de mudanças processuais e organizacionais na Boa Vista. O arranjo das equipes passou de um modelo tradicional - com áreas de desenvolvimento, arquitetura, produto, entre outras trabalhando separadamente - para um modelo de squads, as equipes multidisciplinares.
“Essas mudanças nos proporcionaram mais agilidade em aspectos operacionais e na solução de desafios, do ponto de vista de tecnologia e de negócios. Hoje, contamos com mais de 20 squads com profissionais de diversas áreas, que contribuem com sua experiência em nossa operação. E se antes demorávamos três meses para fazer um score, hoje leva menos de um mês para estar na mão dos clientes”, explica o diretor de Tecnologia da Boa Vista.