O número de empresários que creem em queda dos níveis da inadimplência até o fim de 2022 diminuiu no 2º trimestre desse ano em comparação com o trimestre anterior. Os dados são de pesquisa da Boa Vista, empresa de inteligência analítica. Neste 2º trimestre, são 35%, contra 41% no primeiro trimestre. A queda também acontece na comparação com o mesmo período do ano passado, quando 38% esperavam queda da inadimplência até o fim de 2021.
A maioria das empresas ouvidas pela Boa Vista (39%), entretanto, ainda crê em estabilidade nos níveis de inadimplência. Enquanto 26% creem em aumento da inadimplência, contra 20% no trimestre anterior e 31% no mesmo período de 2021, números ilustrados no gráfico abaixo.
Perspectiva sobre a inadimplência em 2022
"Os cenários interno e externo ajudam a explicar essa redução do otimismo em relação à inadimplência. A guerra entre Rússia e Ucrânia e o receio, quase constante, de um novo lockdown na China comprometem as cadeias de produção e também as vendas. Já que os produtos chegam mais caros aos mercados. Internamente, a inflação dos bens e a taxa de juros são elevadas. Isso inibe a expectativa de queda da inadimplência enquanto o cenário macroeconômico se mostrar desfavorável.", afirma Flavio Calife, economista da Boa Vista.
Assim como no primeiro trimestre, a maioria das empresas segue otimista em relação ao aumento do faturamento em 2022. 74% esperam crescimento, enquanto apenas 13% creem em estabilidade e outros 13%, em queda. Os números representam um aumento entre os empresários otimistas em relação ao faturamento, na comparação com o segundo trimestre de 2021, quando 62% acreditavam em aumento do faturamento naquele ano. Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, os números seguem semelhantes, já que no trimestre anterior eram 75% os que esperam em faturamento maior.
Mais investimentos
A pesquisa aponta ainda que 68% dos empresários consultados pretendem aumentar os investimentos em seus negócios até o fim de 2022. No trimestre anterior, estes eram 69%, e no 2º trimestre de 2021, eram só 58%.
Sobre novos investimentos em produtos e serviços, 72% (vs 67% no 1º tri de 22) das empresas planejam aumentá-los até o fim de 2022. Já sobre investimentos em tecnologia, são 68% (vs 66% no 1º tri de 22) as empresas que planejam aumentar os investimentos nessa área. Por fim, questionados sobre investimentos em capacitação de mão de obra, 66% (vs 65% no 1º tri de 22) dos entrevistados pretendem aumentá-los, enquanto em relação a investimentos em insumos e matéria-prima, 63% acreditam em aumento (dado incluído na pesquisa nesse trimestre).
Junto à necessidade de investir para gerar crescimento, o estudo também apresenta que 53% dos empresários esperam diminuição relevante no nível de endividamento de suas empresas; 27% acreditam que os índices devem se manter os mesmos, e outros 20% apostam no seu aumento.
Perspectiva sobre o endividamento em 2022
Crédito
Por fim, a pesquisa da Boa Vista apontou estabilidade na intenção de demanda por crédito. Nesse segundo trimestre de 2022, 66% afirmam que buscarão crédito no mercado, ao passo que 34% não tem a mesma intenção, os mesmos números registrados pela Boa Vista no trimestre anterior. No mesmo trimestre de 2021, eram 51% os que iam buscar crédito e 49% os que não iriam.
Entre os 66% que vão solicitar crédito, 56% o farão para realizar investimentos, contra 49% no 1º trimestre de 22. Outros 27% vão solicitar crédito para garantir o capital de giro, contra 35% no trimestre anterior. Enfim, 17% usarão o crédito para o pagamento de dívidas já assumidas. Esses eram 16% no trimestre imediatamente anterior.
Metodologia
A pesquisa realizada pela Boa Vista foi baseada em um questionário estruturado, aplicado no segundo trimestre de 2022, em cerca de 500 empresas, representantes dos principais setores econômicos. Dessa maneira, o índice de confiança é de 90% e a margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.