Por Flávio Calife
O ano de 2015 provavelmente será lembrado como um dos piores da história recente para a economia brasileira. Queda significativa da atividade, disparada dos preços e do desemprego, aumento da inadimplência e das falências das empresas, queda real no crédito e no consumo, foram algumas dificuldades encontradas neste ano.
O impacto deste cenário sobre o desempenho das empresas foi substancial. Se 2014 já havia sido um ano de resultados decepcionantes, 2015 o superou.
A receita líquida somada das 500 maiores empresas do Brasil atingiu R$3 trilhões em termos nominais, 5,9% de crescimento na comparação com 2014. Apesar de positivo, em termos reais - descontados os efeitos da inflação - a receita apresentou queda de 4,3%.
Na análise dos setores agrupados do ranking das 500 maiores empresas por receita líquida, publicado nesta edição, 10 dos 25 deles tiveram queda de faturamento, diferentemente de 2013, quando todos cresceram. Quedas mais significativas nos setores de Higiene e Beleza (-44,2%) e Eletroeletrônica (-35,1%), setores que impulsionaram a economia em anos recentes.
Os lucros líquidos acumulados, que já foram fortemente afetados em 2014, recuaram cerca de 200%, transformando-se em prejuízos.
Os indicadores de desempenho também pioraram. O mais importante deles, a margem Ebitda, indicador que aponta a eficiência das empresas em gerar caixa sem a ajuda de recursos financeiros, recuou novamente ao registrar média de 10,2% em 2015, frente os 16,0% de 2014. A margem líquida, o Retorno sobre os Ativos e sobre o Patrimônio tornaram-se negativos graças aos prejuízos acumulados.
O cenário para 2016 ainda se assemelha muito ao de 2015, mas uma coisa é positiva: as expectativas para o futuro mudaram bastante. As empresas que se adaptaram ao novo cenário e sobreviveram às turbulências dos últimos dois anos têm razões de sobra para esperar uma sensível melhora nos resultados nos próximos anos.
(*) Artigo originalmente publicado pela revista Época Negócios – Anuário 360º em agosto de 2016.