Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) recuou 3,8% em relação a setembro, para 95,8 pontos, na série livre de influências sazonais. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 1,4% no mês, enquanto o Índice de Expectativas (IE) apresentou baixa de 6,3% na mesma base de comparação. Em relação a outubro do ano passado, o ICOM, o ISA e o IE registraram variação de -2,4%, 10,1% e -13%, respectivamente.
Após cinco altas consecutivas, esse foi o primeiro recuo na série após forte queda observada nos meses de março e abril decorrente dos impactos das medidas restritivas e de isolamento social relacionadas à pandemia do novo coronavírus. Além disso, é importante ressaltar que somente o ISA superou o nível, em pontos, pré-pandemia e que o IE ainda permanece abaixo do nível de fevereiro.
O resultado obtido nesta última sondagem pode ser sugestivo de que alguns impactos ainda não foram integralmente percebidos pelo comércio em geral e que a recuperação da atividade setorial ainda pode ser um pouco mais prolongada. O auxílio emergencial, com final previsto para dezembro, mascarou, em parte, os nocivos efeitos da pandemia sobre o comércio e a relativa dependência dele pôde ser sentida na maior queda do IE neste mês.
Ao final disso, a economia setorial conhecerá o verdadeiro tamanho do desafio que terá pela frente, algo que poderia tornar a confiança dos agentes um pouco mais vulnerável. Nesse ponto, a recuperação do mercado de trabalho e o avanço nas tratativas de uma vacina se tornam ainda mais fundamentais para retomada da atividade.
Por fim, o ambiente de negócios, ainda que afetado por todo cenário que se desenhou desde o final do primeiro trimestre do ano, em termos macroeconômicos mostra-se um pouco menos pior, com melhora na expectativa de queda do PIB no ano, hoje em -4,81%, mas que já foi de -6,54% no final do primeiro semestre, e a manutenção da taxa básica de juros, Selic, e da inflação medida pelo IPCA em níveis relativamente baixos dadas as condições atuais.