Por Rafael Ciampone, da Área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
A economia brasileira vive um momento delicado de baixa confiança dos consumidores e empresários com relação às perspectivas para o ano de 2014. Os principais indicadores apontam queda na confiança destes agentes e, portanto, assim como em 2013, devemos esperar por um baixo crescimento das vendas no varejo e da produção industrial.
O Índice de Confiança do Consumidor, tanto da Fundação Getulio Vargas (FGV), quanto o da Fecomercio, está em queda desde meados de 2012. Em abril de 2012, por exemplo, o ICC da FGV era de 128,7 pontos e o da Fecomercio de 164,9 pontos, hoje, de acordo com os últimos resultados divulgados, o ICC referente ao mês de maio da FGV está em 102,8 pontos, enquanto o ICC referente ao mês de abril da Fecomercio em 120,2 pontos.
Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo restrito cresceram 8,4% em 2012 na comparação com o ano de 2011. A confiança, mesmo em queda, estava num patamar relativamente alto neste período. Contudo, houve uma reversão deste quadro em 2013, a confiança já era baixa, e a atividade varejista cresceu 4,3%.
O indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista se manteve em linha com os dados oficiais do IBGE nos últimos anos e, assim como estes últimos, foi afetado pela falta de confiança no setor ao longo do ano de 2013. O indicador, que apontava um crescimento de 6,9% nas vendas varejistas em 2012, desacelerou ao longo de 2013 e se encontra em 3,7% de acordo com os dados até abril de 2014.
Tais resultados são também corroborados pelo índice de Confiança do Comércio da FGV (ICOM) e pelo Índice de Confiança do Empresário do Comércio da Fecomercio (ICEC). Em 2012, a média do ICOM foi de 127,3 pontos e do ICEC de 118,0 pontos. Já em relação aos últimos resultados de 2014, o ICOM de maio está num patamar de 112,9 pontos enquanto o ICEC de abril marca 109,1 pontos.
Mantido este cenário de baixa confiança, esperamos que ao final do ano o varejo restrito obtenha um crescimento ainda moderado, próximo de 3,5% em 12 meses acumulados.