Por Yan Nonato Cattani, economista da Boa Vista SCPC
O resultado da inflação oficial (IPCA) referente dezembro registrou alta de 0,78% no mês, em linha com as expectativas de mercado (que aguardava variação de 0,79% no período). No resultado acumulado em 12 meses, o número passou de 6,56% em novembro pra 6,41% nesta última aferição, fechando o ano abaixo do limite superior da meta (6,50%), após passar praticamente 6 meses acima desta banda.
Analisando as aberturas na variação acumulada no ano, o grupo que mais apresentou impacto foi Habitação, com alta de 8,80% no ano. Alimentação e Bebidas, por sua vez, ficou em segundo lugar, com elevação de 8,03% no ano.
Considerando outras medidas alternativas de análise da inflação, o índice de dispersão (que mede o percentual dos grupos que subiram frente ao total dos produtos da cesta de preços) voltou a acelerar no último mês do ano, passando de 61,39% em novembro para atuais 68,36%. Já a aferição obtida pela média móvel de três meses dos núcleos subiu 0,02 p.p. no mês, atingindo 0,48%.
O cenário em 2014 remontou de certa maneira o clima vivido em 2011, quando observou-se inflação batendo no limite superior da meta enquanto a principal preocupação da autoridade monetária consistia em debater regras de arredondamento dos decimais do resultado.
Para 2015, a leniência para com a inflação ainda deverá ser moderada. Por um lado, o ciclo de política monetária não poderá ser tão duro, de modo a ocasionar uma recessão na já fragilizada economia, por outro, os ajustes fiscais deverão colaborar indiretamente para um arrefecimento do nível de preços, mas somente no médio prazo, uma vez que os efeitos iniciais da contração fiscal tendem a ocasionar maior pressão inflacionária, ocasionado o comedimento do consumo em etapas posteriores. Com este cenário em mente, esperamos inflação de 6,5% em 2015 e Selic 12,5%.