Por Rafael Ciampone, da Área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
O resultado da inflação oficial (IPCA) referente ao mês de agosto registrou alta de 0,25% no período, alinhado às expectativas de mercado. No resultado acumulado em 12 meses, o número passou de 6,50% em julho para 6,51% nesta última aferição, acima, portanto, do limite superior da meta (6,50%).
Analisando as aberturas, o grupo que mais apresentou impacto foi novamente o de Habitação, responsável em 0,14 p.p. no valor total do mês, variando 0,94%. Este resultado se deve, por exemplo, ao aumento de 1,46% na taxa de água e esgoto e de 1,35% nos condomínios. Já o grupo de Alimentação e Bebidas contribuiu no sentido contrário, com impacto de -0,04 p.p. no índice geral após queda de 0,15% no mês.
Considerando outras medidas alternativas de análise da inflação, o índice de dispersão (que mede o percentual dos grupos que subiram frente ao total dos produtos da cesta de preços) desacelerou, passando de 58,98% registrado em julho para 54,96% em agosto. Já a aferição obtida pela média móvel de três meses dos núcleos subiu 0,17 p.p. no mês, atingindo 0,42%.
Por fim, o resultado aponta uma inflação persistentemente alta, e as preocupações de antes, tais como, com os preços da energia elétrica e da gasolina não deverão ser deixadas de lado. Soma-se a isto a manutenção da taxa básica de juros em 11% pelo Comitê de Política Monetária e os possíveis reajustes no salário de algumas categorias de trabalhadores, ambos influenciados pelo processo eleitoral em vigor. Tendo em vista este cenário e diante da atual conjuntura econômica, espera-se que ao final do ano a inflação permaneça próxima de seu limite superior, ou seja, de 6,5%.