Por Yan Cattani, economista da Área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
O resultado da inflação oficial (IPCA) referente a setembro registrou alta de 0,57% no período, 0,1 p.p. acima das expectativas de mercado. No resultado acumulado em 12 meses, o número passou de 6,51% em agosto para 6,75% nesta última aferição, maior nível desde outubro de 2011 (quando atingiu 6,97%), permanecendo acima limite superior da meta (6,50%).
Analisando as aberturas, o grupo que mais apresentou impacto foi Alimentação e Bebidas o qual contribuiu com uma elevação de 0,19 p.p. no índice geral, subindo 0,78% no mês. Habitação, que durante 2 meses consecutivos impactou de forma mais significativa o resultado agregado, obteve aumento de 0,77% em setembro, contribuindo com 0,11% no índice cheio.
Considerando outras medidas alternativas de análise da inflação, o índice de dispersão (que mede o percentual dos grupos que subiram frente ao total dos produtos da cesta de preços) acelerou, passando de 54,96% em agosto para atuais 61,13%. Já a aferição obtida pela média móvel de três meses dos núcleos subiu 0,14 p.p. no mês, atingindo 0,56%.
Por fim, o resultado continua o mesmo: inflação persistentemente alta, intensificando as preocupações apontadas pelo mercado - mais notavelmente o reajuste das tarifas de energia elétrica e gasolina, além dos esperados dissídios de algumas categorias sindicais. A este ponto, o atual patamar da taxa básica de juros (mantida desde abril em 11% a.a.) não deverá surtir maiores efeitos sobre a inflação neste ano, uma vez que o ciclo de aperto monetário deflagra redução visível sobre os níveis de preços após um período de 6 meses (ou mais). Tendo em vista este cenário, mantemos nossa previsão de inflação para 2014 no limite do teto da meta, em 6,5%.