O aumento na taxa de juros, contudo, já era esperado pelo mercado desde o início do ano.

 

O Comitê de Política Monetária, Copom, subiu a taxa básica de juros, Selic, de 2,00% para 2,75%. Um aumento na taxa já era esperado pela maioria das instituições financeiras recentemente consultadas pela mídia (52 de 54), contudo, a maioria das apostas apontavam para uma taxa de 2,50%.

 

Diante do cenário atual, com alguns focos de inflação pressionando o índice para cima, em especial, o preço dos combustíveis, o Copom reagiu rápido e com intensidade. Na 1ª reunião do ano, entre os dias 19 e 20 de janeiro, suspendeu o forward guidance, um compromisso assumido pela entidade de não elevar a taxa de juros no curto prazo, e agora, interrompeu uma sequência de 44 reuniões sem aumento da taxa.

 

A despeito da aceleração observada na curva de longo prazo do IPCA, que passou de 4,56% para 5,20% em 12 meses acumulados na última aferição, referente ao mês de janeiro, a expectativa mais recente, segundo o Focus, é de que o índice encerre o ano próximo de 4,60%.

 

Esse movimento de desaceleração da inflação pode ser justificado por diversos fatores que não apenas o aumento dos juros, dentre eles, podemos destacar a demanda agregada, ainda enfraquecida pela crise, e o mercado de trabalho, que permanece desaquecido, o que sugere baixas pressões salariais.

 

Além da expectativa de que esses focos de inflação sejam temporários, uma vez que, caso contrário, a retomada da demanda agregada seria ainda mais lenta, também seria interessante garantir um ambiente econômico favorável ao crédito, em detrimento de políticas fiscais expansionistas que deixariam o país numa situação fiscal ainda mais delicada.

 

O aumento na taxa de juros pode ter sido importante na tentativa de frear uma escalada na inflação por razões isoladas, no entanto, ainda mais crucial seria garantir um cenário com condições favoráveis de financiamento por meio do crédito, reduzindo a incerteza sobre os rumos da economia, aumentando a confiança, o consumo e o investimento.

 

Somados, esses fatores poderiam ser suficientes para ancorar a inflação, recolocando-a numa trajetória de desaceleração e posterior estabilidade, e traçar um movimento de recuperação econômica mais sustentável.