De acordo com o IBGE, a apuração do resultado da inflação oficial (IPCA) estourou o teto da meta ao registrar 6,83% em julho, para o valor acumulado do ano. No acumulado em 12 meses o aumento dos preços atingiu 9,56%. E para este mês, a inflação subiu 0,62% frente a 0,79% de junho.
A categoria que obteve a maior alta no mês foi a de Habitação, com variação de 1,52%. A elevação na categoria foi motivada mais uma vez pelo aumento dos preços da “energia elétrica residencial” (4,17%). Outro subitem que contribuiu para o aumento na categoria foi a “taxa de água e esgoto”, que apresentou majoração de 2,44% no mês. Artigos de residência foi a segunda categoria com maior alta, variando 0,86% em conta do aumento de “consertos e manutenção” (1,03).
A elevação nos preços neste ano tem sido motivada principalmente pelos preços administrados, que já sobem praticamente o dobro do que os preços livres no acumulado em 12 meses (administrados apontam 15,94% de elevação, enquanto livres sobrem 7,74%).
O alcance da meta já está descartado desde o início do ano, quando o governo anunciou reajuste da economia. Resta agora esperar o cumprimento da mesma em 2016, cuja as expectativas de acordo com boletim Focus já encontram-se em 5,40%, ou seja, praticamente 1 p.p. acima do ideal.
Esta proposta já começa a enfrentar alguns impedimentos: 1) o grande desaquecimento do mercado de trabalho em 2015 deverá ser parcialmente revertido em 2016 preponderantemente devido a um efeito base de comparação - e consequentemente dando maiores impulsos aos preços; 2) o dólar, que atualmente passa por grande apreciação, deverá manter-se em níveis elevados (próximo a R$4,00), contribuindo para o encarecimento dos produtos importados, pressionando adicionalmente os preços internos; 3) a própria autoridade monetária espera uma elevação de 5,7% dos preços administrados para o ano que vem, ou seja, a convergência para meta vai depender muito mais dos preços livres no próximo ano
Assim, de olho nos últimos efeitos do ciclo de aperto monetário, 2016 já dá sinais de que não será um ano de fácil recuperação econômica. Em virtude deste último aspecto, por ora esperamos leve redução dos juros, com a taxa básica em torno de 12,5% e IPCA em 5,50% em 2016. Para este ano, o cenário mais provável contempla manutenção dos juros em 14,25% e inflação em 9,5%.