Na variação acumulada em 4 trimestres, crescimento foi de 1,4%
Os dados do PIB do 2º trimestre, divulgados hoje pelo IBGE, reforçam o cenário de recuperação lenta da atividade econômica já antecipado pela área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC.
Na comparação com o 1º trimestre, já descontados os efeitos sazonais, o PIB ficou praticamente estável, com variação de apenas 0,2%. Além disto, o crescimento de 0,4% no 1º trimestre de 2018 em relação ao 4º trimestre de 2017 divulgado anteriormente foi revisado para alta de apenas 0,1%.
Em relação ao segundo trimestre de 2017, o crescimento foi de 1,0%. Com isto, o PIB acumula alta de 1,1% no ano – comparação entre o 1º semestre de 2018 e o mesmo período de 2017 – e de 1,4% em quatro trimestres.
A comparação interanual (variação entre um trimestre e o mesmo trimestre do ano anterior) indica enfraquecimento da atividade econômica já a partir do 1º trimestre deste ano, quando o PIB registrou alta de 1,2%, após ter apresentado crescimento de 2,1% no 4º trimestre de 2017, conforme é possível observar no gráfico 1.
A nova desaceleração no 2º trimestre foi em grande parte influenciada pelo menor crescimento do Consumo das Famílias (1% em relação ao 2º trimestre de 2017). A Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos) subiu 3,7% nesta base de comparação, praticamente mantendo o ritmo de crescimento que vinha apresentando, enquanto o Consumo do Governo interrompeu uma sequência de 5 quedas consecutivas e subiu 0,1%.
Na comparação entre o 2º trimestre e o 1º trimestre de 2018, já descontados os efeitos sazonais, porém, os Investimentos interromperam uma sequência de 4 altas consecutivas e caíram 1,8%. O Consumo do Governo, por sua vez, subiu 0,5%.
Pela Ótica da Oferta (Gráfico 2), a Agropecuária, uma das principais alavancas do crescimento econômico de 2017, registrou queda de 0,4% no 2º trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, a segunda queda consecutiva nesta base de comparação.
A Indústria e o Setor de Serviços cresceram ambos 1,2% em relação ao 2º trimestre de 2017, ritmo de crescimento mais fraco em relação ao observado no trimestre anterior.
A mediana das expectativas do mercado para o crescimento do PIB de 2018 é de 1,5%, após alta de 1% no ano passado.
A greve dos caminhoneiros sem dúvida teve um peso relevante no enfraquecimento da atividade econômica do 2º trimestre apontado pelo PIB, inclusive por causa de seus impactos na confiança dos agentes econômicos. Entretanto, ela não pode ser apontada como única responsável.
Afinal, apesar dos juros baixos e da inflação sob controle, a lenta recuperação do mercado de trabalho parece comprometer uma retomada mais vigorosa do Consumo das Famílias, que neste ano não conta mais com o impulso da liberação dos recursos do FGTS.
Além disto, a incerteza gerada pelo cenário internacional e pela indefinição da corrida presidencial tende a adiar decisões de investimento e de consumo de bens duráveis, o que diminui a probabilidade de surpresas positivas em relação ao crescimento da economia brasileira até o final do ano.
Abaixo, a tabela com resumo dos números do PIB do 2º trimestre.