Por Yan Cattani, economista da Área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego do terceiro trimestre registrou 6,8% da população economicamente ativa. Em termos regionais, o Nordeste apresenta a maior taxa, 8,6%, seguida do Norte e Sudeste, ambos com 6,9% de desocupação. Sul e Centro-Oeste apresentam 4,2% e 5,4% respectivamente.
Os dados apresentam coerência com relação à Pesquisa Mensal de Emprego, uma vez que houve estabilidade do desemprego nas duas pesquisas. Enquanto a PME é uma pesquisa restrita às regiões metropolitanas, com maior adensamento urbano e populacional, a PNAD acaba captando melhor a média nacional. Regionalmente, a PNAD contínua acaba fornecendo dados de maior qualidade microeconômica, já que sua amostra é realizada em aproximadamente 3.500 municípios. Com isso conseguimos observar as tendências das regiões centro-oeste e norte, antes inexistentes nas análises fornecidas pela PME.
Em termos comparativos com o resto do mundo, a taxa brasileira representada pela PNAD fica acima da taxa aferida em alguns países, como EUA, que em novembro já atinge 5,8% de desocupação ou mesmo do Reino Unido, atualmente com 6,0% (dados referentes a outubro). Já com relação à União Europeia, o número brasileiro significativamente menor quando comparado aos dados europeus, de 10%.
Em suma, o mercado de trabalho continua bastante aquecido, com baixo nível de desocupação e rendimentos crescentes. Para os próximos meses, a deterioração do cenário macroeconômico em geral, alta da Selic, aumento das demissões em diversos segmentos da economia (sobretudo no setor industrial), aperto monetário de fiscal, entre outros fatores, deverão contribuir para que haja uma reversão das atuais tendências, traduzidas em aumento do desemprego e desaceleração dos rendimentos reais.