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Os dados do PIB do 4º trimestre, divulgados hoje pelo IBGE, ficaram dentro da projeção de recessão esperada, reforçando os efeitos das medidas restritivas decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

Ao longo de 2020, o PIB apresentou um tombo de 4,1%, interrompendo três anos de desempenho positivo do indicador. Na comparação com o 3º trimestre de 2020, já descontados os efeitos sazonais, o produto apontou alta de 3,2%. Já em relação ao mesmo período do ano anterior a atividade recuou 1,1%.

Analisando os números pela ótica da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos) mostrou piora do resultado em 2020 e finalizou o ano com uma queda de 0,8%. Considerando a comparação trimestral frente ao trimestre imediatamente anterior (%QoQ, dados com ajuste), houve alta de 20% e avanço de 13,5% na comparação interanual.

O consumo das famílias também mostrou comportamento negativo em 2020, com queda de 5,5% na comparação com mesmo período do ano anterior. Já variação trimestral o componente avançou 3,4%, de acordo com os dados dessazonalizados. Na comparação interanual o consumo recuou 3,0%.

As exportações recuaram 1,4% em relação ao trimestre anterior e no acumulado do ano caíram 1,8%. Já as importações avançaram 22% no trimestre e recuaram 10% em 2020.

Pela Ótica da Oferta (Gráfico 2), a Agropecuária, a única a apresentar desempenho positivo no acumulado de 2020, cresceu 2% no ano. Já em comparação contra o trimestre imediatamente anterior, o setor apresentou baixa de 0,5% (dados dessazonalizados), enquanto na comparação com o mesmo trimestre do ano passado o resultado ficou em -0,4%.

O setor de serviços teve queda de 4,5% em 2020, na comparação trimestral o setor avançou 2,7% e na comparação interanual queda de 2,2%. Destacando-se o desempenho negativo no ano do Comércio e do Transporte, Armazenagem e Correio, que recuaram 3,1% e 9,2% no período, respectivamente.

A Indústria, por sua vez, recuou 3,5% no acumulado do ano. Já na comparação contra o 3T20, de acordo com os dados dessazonalizados, o setor avançou 1,9% e na comparação interanual 1,2%. Os destaques do setor se deram nas Indústrias de transformação ao recuar 4,3% em relação ao acumulado em 2019, e no setor de Construção que acumulou queda de 7% em 2020.

Encerrar o ano de 2020 em queda de 4,1%, talvez, não seja tão ruim, dado o cenário absolutamente atípico que se desenhou desde o final do 1º trimestre e, que ao final do 2º, as projeções chegaram a apontar queda superior a 6,5%.

O ano passado será lembrado por diversos motivos, o coronavírus, sem sombra de dúvida, o principal deles, no entanto, agora, seria importante ter motivos para acreditar que 2021 será um ano de retomada da atividade econômica, o que, obviamente, depende diretamente da eficácia do processo de imunização da população, não somente das vacinas, mas do processo também, algo que, até o momento, mostrou-se insuficiente.

Dois meses completos já se passaram e as principais cidades do país estão cada vez mais próximas de voltar à fase vermelha de prevenção contra a disseminação do vírus, embora algumas perspectivas sejam positivas, isso é um claro sinal de que a retomada será ainda mais devagar, e que o país poderá ter pela frente mais um ano difícil, de crescimento pífio e com fatores condicionantes, como o mercado de trabalho e o crédito, ainda enfraquecidos por mais um tempo.

Além disso, outros fatores, não menos importantes, também comprometem o desempenho esperado para o ano de 2021, dentre eles, os principais se referem ao aumento das incertezas em relação ao ambiente doméstico.

A retomada da agenda de reformas, sobretudo, fiscal, por exemplo, se mostra cada vez mais difícil em função da pressão sobre o governo em relação ao auxílio emergencial. O governo, por sua vez, não passa ao mercado uma mensagem de transparência, a interferência política na Petrobrás é um dos exemplos.

Na sequência, temos a deterioração do Real em relação ao Dólar e o risco de inflação, motivo pelo qual a questão do preço dos combustíveis ganhou tanta força recentemente, algo que, certamente, inibiria o crescimento da demanda agregada, sem contar os problemas adjuntos a isso, como greves e outras pressões sociais.

Enfim, parece que mesmo tendo sido descobertas vacinas eficazes no combate à raiz do problema, 2021 começou um pouco pior que 2020.

A seguir, a tabela com resumo dos números do PIB do 4º trimestre.