O volume de vendas no varejo restrito caiu 0,1% em outubro na comparação mensal dos dados dessazonalizados, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, divulgada nesta quarta-feira. O resultado contrariou as expectativas do mercado que apostavam numa alta de 0,7% no período. Dentre os destaques, as vendas foram puxadas para baixo pelos segmentos de “Super e hipermercados”, “Móveis e eletrodomésticos” e “Combustíveis e lubrificantes”, que operaram em queda de 0,6%, 0,5% e 0,3%, respectivamente. Já o segmento de “Tecidos, vestuário e calçados” amenizou o resultado após subir 0,6% no mesmo período. Na comparação interanual foi observada uma forte retração de 7,1% que contribuiu para a desaceleração dos resultados acumulados. No ano, o crescimento passou de 3,8% para 2,6%, mesma magnitude de crescimento observada em 12 meses acumulados.
Na avaliação dos economistas da Boa Vista, contudo, o resultado da pesquisa não foi surpresa, tanto que o seu indicador de Movimento do Comércio já havia antecipado o sentido dessas variações, com queda de 0,8% na comparação mensal e de 3,1% na comparação interanual.
Segundo os economistas da Boa Vista, mais do que essa queda no mês de outubro, é importante lembrar que para as pesquisas que estão por vir, referentes aos meses de novembro e dezembro, o cenário é quase o mesmo, mas com um agravante, o fim do Auxílio Emergencial, que foi um dos combustíveis do varejo ao longo dos últimos meses. Em contrapartida, há o Auxílio Brasil, que por mais importante que seja, chegará a um número muito menor de beneficiários, algo que certamente poderá impactar nas vendas de fim de ano. Soma-se a isso uma inflação, até aqui, resistente, juros em alta e renda em queda. Sem uma melhora significativa no mercado de trabalho, que também não deverá acontecer num espaço tão curto de tempo, dificilmente o varejo reverterá essa tendência de desaceleração e poderá encerrar o ano com crescimento próximo de 2%, não mais do que isso.