Conforme previam os economistas da Boa Vista, a inadimplência das pessoas físicas ficou estável em janeiro na comparação com dezembro, segundo as estatísticas de crédito de dezembro, divulgadas agora há pouco pelo Banco Central.
“A taxa de inadimplência nas operações com recursos livres manteve-se em 4,8% em janeiro, mesmo valor registrado em dezembro e novembro. Trata-se de um patamar baixo, se considerarmos a média histórica. Por isso temos destacado que novos recuos, a partir de agora, somente com avanços em reformas microeconômicas. A boa notícia, nesse sentido, foi a aprovação do Cadastro Positivo na semana passada”, argumentaram os economistas.
A inadimplência das operações com recursos livres para pessoas jurídicas, por sua vez, apresentou leve alta, de 2,7% em dezembro para 2,9% em janeiro, mas, para os economistas da Boa Vista, o aumento ainda não preocupa e não é possível falar em tendência de alta da inadimplência no segmento.
“As concessões com recursos livres para pessoas jurídicas vêm crescendo bastante nos últimos meses [15,2% em doze meses]. Com a inadimplência baixa, os juros caíram e aumentou a disposição dos bancos para emprestar. Por outro lado, a recuperação da atividade econômica, ainda que lenta, tende a favorecer a saúde financeira das empresas”, destaca a equipe econômica da Boa Vista.
Na análise por porte de empresa, nota-se que a inadimplência total subiu de 1,1% em dezembro para 1,2% em janeiro nas grandes empresas, enquanto caiu [de 5% para 4,8%] no segmento de micro, pequenas e médias empresas (MPMe).
É também no segmento de MPMe que foi registrado o maior crescimento da carteira de crédito na comparação com janeiro do ano passado [2,5%, contra alta de apenas 0,2% da carteira das grandes empresas].
Apesar da estabilidade da inadimplência das operações com recursos livres para pessoas físicas, a taxa média de juros para o segmento subiu em janeiro [de 48,9% ao ano em dezembro para 51,4%]. Ela manteve-se, contudo, abaixo da registrada em janeiro de 2018 (55,8%).
Os economistas da Boa Vista explicam que janeiro é um mês de sazonalidade forte para o mercado de crédito. “Por causa dos gastos no final do ano, somados às despesas de início de ano com IPVA, IPTU e material escolar, por exemplo, muitos consumidores acabam recorrendo a empréstimos em modalidades emergenciais, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial, nas quais as taxas de juros são mais altas”, explicam.
No mês, as concessões no rotativo do cartão de crédito cresceram 10,8%, as de cheque especial, 4,4%, contra queda de 1,2% dos novos empréstimos com recursos livres para pessoas físicas.
“Nosso cenário, que era de estabilidade da inadimplência para pessoas físicas, agora é de queda no médio prazo com a aprovação das novas regras do cadastro positivo”, destacou a equipe econômica da Boa Vista.
Os economistas ressaltam que a expectativa é que com o novo Cadastro Positivo – que deve colaborar para o aprimoramento das avaliações de crédito, elevando as taxas de aprovação de empréstimos e diminuindo a inadimplência –, mais de 20 milhões de pessoas sejam incluídas no mercado de crédito, com redução das taxas médias de juros e aumento da oferta de empréstimos, o que tende a beneficiar consumidores e empresas e ainda estimular o crescimento da economia.