O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo território nacional, caiu 1,0% entre os meses de novembro e outubro na comparação mensal dos dados dessazonalizados. Na comparação interanual o índice diminuiu em 2,8%, desacelerando o resultado acumulado no ano, que antes apontava alta de 0,3% e agora marca estabilidade com os dados de novembro. Em 12 meses acumulados o indicador aponta retração de 0,7%.
Em novembro o varejo colocou frente a frente consumidores e comerciantes menos otimistas com o cenário atual, no qual a renda do trabalho esbarra numa inflação alta e resistente e o crédito pode não ter ajudado muito em função da elevação das taxas de juros.
Soma-se a isso o fato de não ter havido o auxílio emergencial neste período, que durante a pandemia foi um dos combustíveis do setor. Vale ressaltar também que neste mês o Auxílio Brasil não foi tão substantivo quanto era pretendido pelo governo; em média, o benefício foi de R$ 222, ao invés de R$ 400. Além disso, o número de famílias agraciadas é muito menor.
Com tudo isso na balança pesando contra, é difícil crer numa melhora significativa do varejo ainda em 2021. Pensando já no ano que vem, o varejo poderia ser impulsionado por uma melhora nos números do mercado de trabalho, mas as projeções para 2022 também são pouco animadoras e se resumem a crescimento baixo, juros altos e inflação ainda elevada. Diante disso, o desafio de vender mais, e sem sacrificar as margens, deve se estender por um pouco mais de tempo.
Metodologia
O indicador Movimento do Comércio é elaborado a partir da quantidade de consultas à base de dados da Boa Vista por empresas do setor varejista. As séries têm como base a média de 2011 = 100, e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.