O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo território nacional, apontou retração de 0,8% entre os meses de outubro e setembro na comparação mensal dos dados dessazonalizados. A queda foi ainda maior na comparação interanual, de 3,1%, e o resultado acumulado no ano desacelerou de 0,9% até setembro para apenas 0,3%. Já em 12 meses acumulados o indicador marca agora queda de 0,9%, ante queda de 0,6% até o mês anterior.
O resultado veio em linha com as expectativas, dado que os fatores condicionantes do varejo seguem enfraquecidos. A confiança dos comerciantes até melhorou no período, mas isso se deveu a uma percepção mais otimista em relação ao futuro, para o presente, o sentimento só piorou. O consumidor, por sua vez, não está mais confiante hoje e está mais descrente de que o cenário irá mudar, para melhor, nos próximos meses. Juros e inflação também não cederam, a inflação no período, por sinal, veio acima da maior das expectativas do mercado, e o mês de outubro marcou o recebimento da última parcela do auxílio emergencial, algo que certamente poderá impactar nas vendas varejistas no final do ano.
O varejo inicia o 4º trimestre numa situação desconfortável e não há nada que sugira alguma melhora nos meses de novembro e dezembro. Se, com o auxílio do governo, a situação já era delicada, sem, mas com inflação e juros em alta, ela não tem como melhorar num curto espaço de tempo, a menos que o mercado de trabalho surpreenda positivamente, algo que não aconteceu até aqui. No mais, o programa Auxílio Brasil entrou em vigor, mas o valor do benefício ainda não é de R$ 400 como era pretendido pelo governo (na média, ele será de R$ 222), algo que depende ainda do avanço da PEC dos Precatórios.
Em resumo, não se pode esperar muito dos resultados que estão por vir até o final do ano. Talvez, nem mesmo, dos resultados de 2022.
Metodologia
O indicador Movimento do Comércio é elaborado a partir da quantidade de consultas à base de dados da Boa Vista por empresas do setor varejista. As séries têm como base a média de 2011 = 100, e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.