O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo território nacional, caiu 2,3% entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023 na série de dados dessazonalizados. O resultado interrompeu uma sequência de quatro avanços na comparação mensal, mas no trimestre móvel, de dezembro a fevereiro, o indicador ainda aponta alta de 1,5% em comparação ao trimestre imediatamente anterior (findo em novembro).
Quando analisados os resultados da série original, a queda de 1,8% na comparação interanual fez com que o resultado acumulado no primeiro bimestre fosse de retração em 0,1%. Na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o indicador praticamente andou de lado entre os meses de janeiro e fevereiro, mantendo a taxa de crescimento na marca de 1,5%.
“A queda no mês foi intensa, mas justificável. Em fevereiro alguns comércios ficaram fechados durante o Carnaval e isso, como era de se esperar, teve um impacto sobre o volume. Isso foi pontual, o maior destaque é a tendência de longo prazo do indicador, que vinha numa trajetória ascendente desde o último trimestre do ano passado e agora parece ter encontrado um ponto de inflexão. Isso condiz com a expectativa de desaceleração do varejo ao longo de mais um ano de inflação e juros altos; o setor também deve sentir o efeito do menor crescimento que é esperado no crédito e de um mercado de trabalho menos aquecido”, diz o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
Metodologia
O indicador Movimento do Comércio é elaborado a partir da quantidade de consultas à base de dados da Boa Vista por empresas do setor varejista. As séries têm como base a média de 2011 = 100, e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.