Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A prorrogação da redução do IPI para automóveis pela Fazenda é claro da preocupação do governo com o desempenho do PIB em 2013, no terceiro e decisivo ano do mandato de Dilma. A mediana das expectativas de variação do PIB no 1º trimestre é de 1%. Se projetado de modo acumulado, o PIB chegaria onde o governo espera, em 4,5%. Mas é uma projeção em que ninguém confia, haja vista a manutenção do corte no IPI. O governo encerrou o trimestre jogando para o empate. Livrou o índice de inflação de ultrapassar o teto dos 6,5%, ao engendrar uma série de desonerações pontuais (energia, alimentos) e de adiamentos de reajustes (transporte público, combustíveis). Os preços cadentes em dólares das principais commodities ajudaram a segurar os impactos negativos dos hortigranjeiros em forte alta.
A corrida do governo atrás de resultados nas estatísticas lembra os difíceis anos 1970 e 1980, no pior período inflacionário. Apesar de não haver mecanismos de encadeamento automático de inflação como naquela época, o perigo de uma inflação de custos nos próximos meses está cada vez mais evidente. Vem pelos custos salariais e a pressão do pleno emprego com baixa produtividade. Esta combinação também explica porque a indústria não se mostra animada e se mantém à margem dos investimentos. Uma alta de juros, nesse ambiente de custos em alta, pouco ajudaria a segurar a inflação em 2013.
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