Por Yan Cattani
Em tempos de grande incerteza é normal que as projeções para o cenário econômico sejam constantemente modificadas. Mas afinal, quanto de fato foram alteradas as perspectivas dos agentes de mercado?
Já de antemão, podemos dizer que praticamente todas as variáveis tornaram-se piores. Pegando os relatórios Focus do Banco Central (BC) referentes aos dias 31/12/2015 e 1/4/2016, verifica-se uma piora lenta e gradual; uma verdadeira tortura para quem avalia periodicamente os dados econômicos. É realmente agonizante a situação e não temos qualquer sinalização de que isso irá melhorar.
Vejamos a “evolução” das variáveis. A expectativa para o PIB piorou praticamente 0,8 p.p. e já atinge queda de 3,73%. O IPCA, cujo valor esperado em dezembro já previra um valor acima do teto da meta inflacionária (6,87%), encontra-se hoje em 7,28%. O superávit primário já tem projeções negativas (ou seja, haverá certamente um déficit) em 1,5% do PIB, piorando 0,55 p.p. A produção industrial continua afundando e se dermos sorte (leia-se, fator câmbio), veremos algo melhor que a atual projeção, de 5,8% de queda – ante 3,5% projetado no fim do ano passado.
Da parte boa – se é possível utilizar essa expressão –, somente duas variáveis foram amenizadas, a Selic e o câmbio. Enquanto a expectativa para os juros básicos da economia caíram 1,5 p.p. da projeção de dezembro, a expectativa para o dólar baixou 21 centavos, atingindo R$ 4,00 por dólar.
Em suma, o bom não compensa o ruim. Estamos piores em termos de perspectivas, isto porque nem falamos sobre mercado de trabalho. Só mesmo um coelho na cartola para sairmos rapidamente da atual situação. Mas de “Cartola” para agora, somente o compositor faz sentido.