A deterioração do mercado de trabalho neste ano parece inevitável: o mau andamento da economia e o consequente aumento das demissões em diversos segmentos produtivos evidenciam-se mês a mês, impactando a taxa de desemprego e os rendimentos reais. A inflação, que deverá rondar próxima de 8,0% no ano, colaborará adicionalmente para o aperto real dos ganhos.
A queda dos rendimentos tem impacto relevante no andamento da economia. A elevação contínua dos ganhos reais nos últimos 20 anos colaborou em muito para a melhoria da qualidade de vida da população e elevou os padrões de consumo, aumentando o dinamismo da economia.
Os dados divulgados hoje pelo IBGE, referentes a março, mostraram uma taxa média de desemprego nas regiões metropolitanas de 6,2%. Seu crescimento ocorre de forma acelerada e nas regiões metropolitanas do Nordeste, especificamente, atinge alarmantes 12%. Com relação ao rendimento real, a perda de 2,8% em relação ao mês anterior é a maior desde janeiro de 2003 na comparação mensal. Em relação a março do ano passado, a queda foi de 3,0%, a maior na comparação interanual desde fevereiro de 2004.
A piora na taxa de desemprego ocorreu tanto pelo aumento da desocupação quanto pelo aumento da procura por postos de trabalho na economia. Apesar do desemprego mostrar-se praticamente estável na comparação com fevereiro (1,5 milhão de desocupados), na comparação com o mesmo mês do ano passado houve aumento de 23%. Ademais, o incremento de 0,3% da população economicamente ativa na comparação interanual também contribuiu para aumento da taxa de desemprego.
Grande parte das pessoas que sai dos postos de trabalho não consegue se inserir rapidamente no mercado. O aperto dos orçamentos domésticos contribui para que pessoas da família que antes não trabalhavam (e constavam como economicamente inativas) busquem formas de complementar renda, aumentando consecutivamente o fluxo de entrada de pessoas economicamente ativas no mercado. Diminuir o rendimento, é ruim, nitidamente. Mas a ausência total de rendimento pode ser ainda mais preocupante.