Por Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
Segundo o Banco Central, o principal indicador coincidente da atividade econômica, o IBC-BR, ficou estável (+0,04%) em novembro frente ao resultado observado em outubro, descontados os efeitos sazonais da série. O resultado ficou ligeiramente acima das projeções do mercado, que esperavam 0,2% de queda. Já na análise de longo prazo, obtida pela comparação do resultado acumulado em 12 meses, observamos a primeira queda no ano, passando de 0,2% para -0,1%.
A tendência de longo prazo perpetua o cenário de debilidade da atividade econômica enfrentado nos últimos dois anos, não apresentando, portanto, nenhuma grande novidade. Em outras palavras, ninguém foi pego de surpresa - exceto talvez pelo excesso de otimismo. Observando o primeiro boletim Focus de 2014 (referente ao dia 3/1/2014) temos em um quadro as expectativas para o PIB de 2014. Tais projeções são calculadas através do cômputo da mediana das projeções das instituições financeiras para o período de referência. À época, o desempenho então esperado para economia era o de uma elevação de 1,9%. Ou seja, esperava-se uma piora, mas não na magnitude que agora já se encontra praticamente consolidada – diferença de 1,9% para praticamente 0%.
A principal âncora do crescimento em 2014 foi o setor industrial. Mesmo com incentivos fiscais e monetários vigentes, o setor não decolou. Acúmulo de estoques no setor automobilístico talvez seja a maior expressão da inércia industrial: as vendas não caminham bem, a força de trabalho passa por reestruturação acumulando sucessivas quedas e o custo com mão de obra ainda é crescente. Para outros subsetores, a dinâmica é parecida, com pouquíssimas exceções. O desajuste com outras áreas da economia é estrutural e não deverá sair destas circunstâncias no curto prazo. Pelo terceiro ano consecutivo, o setor de serviços deverá salvar o desempenho agregado da economia, com contribuição marginal da agricultura.