Sem grandes novidades, a ata divulgada hoje referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) expôs um cenário mais realista para 2015, contemplando projeções para a inflação crescentes e distantes do centro da meta. Mais especificamente, a inflação categorizada pelos chamados “preços administrados” obteve elevação das projeções em 10,7%, aumentando 1,4 p.p. em relação à última ata. Ainda referente à categoria, dois itens chamaram especial atenção: gasolina e energia elétrica, os mais impactantes da cesta de produtos do IPCA no bimestre. Enquanto para o primeiro item a expectativa foi mantida em 8%, para energia elétrica houve abrupta mudança das projeções, passando de 27,6% apontadas na última reunião para atuais 38,3%.
Apesar de incorporar maior sensatez ao cenário macroeconômico, dadas as perspectivas de ajustes fiscal e monetário, a autoridade monetária não deu maiores detalhes sobre o cumprimento da meta para este ano. Houve pouca ênfase sobre o atual balanço de riscos em que a economia está inserida. Tampouco houve comentários relevantes para o câmbio, um dos itens mais importantes para a onda de pressão inflacionária vigente.
Por mais que a inflação descrita pelo BC neste ano “tenda a permanecer elevada em 2015”, a instituição sinalizou que não pretende realizar novos reajustes da Selic, contendo-se em afirmar que a política monetária ainda possui “efeitos de segunda ordem” decorrentes das elevações anteriores. Adicionalmente, a autoridade monetária conta com um comedimento da demanda, traduzido também em uma expansão moderada do crédito e atividade econômica em território negativo.
Com a reiteração da convergência da inflação para a meta no próximo ano e pela pouca relevância dada ao ano vigente, a sinalização dada ao mercado pelo colegiado, pelo menos do ponto de vista do comportamento dos preços, é a de 2015 será um ano para esquecer.