Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A mídia descobriu no dia de hoje o enfraquecimento da balança comercial brasileira que, no entanto, era fato desde o ano de 2011, quando o superciclo de alta de preços das commodities começou a capengar (mas ainda não terminou, pois os preços da soja e milho estão aí para provar isso). O saldo negativo estampado nos jornais é de US$5,3 bilhões no acumulado de janeiro a maio de 2013. Não surpreende. Já se sabia que, para melhorar os dados comerciais de 2012, deixou-se de registrar uma forte compra de óleo da Petrobras. O registro aconteceu este ano, piorando a estatística de 2013.
Muitos se perguntam por que a balança piora enquanto o câmbio se desvaloriza. A pergunta é ao contrário: o câmbio se desvaloriza em resposta à balança que piorou. Mas não é fenômeno apenas brasileiro. Todos os principais exportadores de commodities têm suas moedas, antes muito valorizadas, agora perdendo terreno para o dólar e para o euro (mas não para o iene). Portanto, o ajuste comercial externo mal começou. A piora da balança deve continuar e pressionar mais o real, até porque nada mudou para melhor no cenário mundial que justifique uma revisão positiva de 2013. É tempo de maior circunspecção na política econômica do Brasil.
Ed.198