Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Exemplo de atuação precisa e eficaz, a política do Banco Central de swaps diários e vendas semanais de moeda estrangeira permitiu moderar a alta do câmbio das semanas recentes sem alarde nem arrependimentos. O BC teve a cortesia de enviar aos especuladores um recado bastante claro de que a tendência do câmbio, embora parecesse inevitável a alta contínua, não era "unidirecional". Ou seja, cautela nas projeções da taxa a R$2,50 ou mais. As perguntas mais frequentes eram sobre quando a taxa alcançaria R$2,70 ou até em R$3,00. Mas até ontem, o câmbio já havia recuado para R$2,26. Deve continuar recuando.
A RC Consultores enviou a seus clientes a projeção de seu modelo de câmbio dias antes do anúncio das intervenções do BC. O modelo estimava o câmbio médio de setembro em R$2,25. Naquele momento, parecia uma projeção despropositada, diante da ebulição altista. A RC confiou no seu prognóstico baixista. Também estimou que o Banco Central tinha muita munição para reverter a alta do câmbio a um nível intermediário entre os períodos pré e pós-corrida. No momento, a inclinação é, inclusive, mais baixista, por fatores concorrentes. Primeiro, a ação concatenada dos bancos centrais de países emergentes. Pode haver novos surtos de alta, mas o Brasil é dos mais bem defendidos. Segundo, pela intervenção eficaz do Banco Central, ao mesmo tempo que economizadora de recursos. Terceiro, pela estabilização de vários indicadores do modelo RC, sugerindo uma taxa abaixo de R$2,25 até o fim do ano. Só o próprio governo, com sua política fiscal frouxa e suas mensagens atrapalhadas, poderá forçar nova alta do câmbio. Mas o BC tem, para isso, novas altas de juros como castigo.
Ed.267