Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A celeridade da alta do dólar e do euro frente ao real motivou alerta de Alexandre Tombini sobre o potencial erro de “apostas unidirecionais”. O presidente do BC não estaria apenas fazendo uma declaração de “bombeiro”, isto é, tentando apagar parte do incêndio do câmbio com seu alerta aos especuladores. O risco de prejuízos nas posições compradas realmente existe numa ótica econométrica. Os especuladores estão se apoiando em cálculos que sempre estiveram à disposição do mercado para agora ressaltar a aparente inevitabilidade da queda do real. Qualquer cálculo baseado em resgate da competitividade industrial brasileira nos levará à estimativa do real entre R$2,45 a R$2,75 por dólar. Tais estimativas computam séries históricas de salários industriais versus câmbio ou, ainda, a comparação de produtos finais em países diversos, como uma “paridade McDonald” entre produtos industriais.

O câmbio, entretanto, se rege por fatores de confiança e de liquidez relativa entre moedas, que pouco tem a ver com a competitividade calculada em pranchetas industriais. Não se trata apenas de câmbio de equilíbrio teórico ou ideal. O nível prático da taxa cambial, mês a mês, encontra mais aderência a variáveis financeiras, como os juros, por exemplo. Ou à confiança na gestão de governo. A RC Consultores rodou seu modelo estressando tais variáveis financeiras. Desde 2006, o modelo mostra uma quase perfeita aderência ao câmbio efetivo. Com ele, a RC confirmou sua projeção dos próximos três meses, que dá razão ao alerta do presidente do BC. Pelo modelo, o câmbio não chegaria aos R$2,50 que o mercado está buscando no próximo horizonte especulativo. Pelo contrário, a projeção confirma uma direção de “volta” ao patamar de R$2,25, conforme nossa estimativa divulgada antes da corrida atual.

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