Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Em agosto, a defasagem entre o preço teórico de equilíbrio da gasolina e o efetivamente praticado pela Petrobras chegou a 40 centavos em cada litro vendido. O subsídio embutido nessa diferença é capturado pelos consumidores e bancado parcialmente pela empresa, que afirma estar no limite da pressão do seu “caixa”. No início do ano, ocorreu um reajuste de 6,6% nas bombas para a gasolina e de 5,4% para o diesel. Mas o câmbio subiu quase 15%, corroendo o quase equilíbrio então alcançado. Subsídios são uma praga contra qualquer política econômica de bom senso. É vital combater tal prática.

O estudo da RC Consultores hoje repercutido no Estadão aponta consequências, óbvias e menos óbvias, dessa prática de segurar preços de combustíveis quando o preço-dólar varia e/ou quando varia o câmbio. Embora seja correto não se alterarem preços nas bombas todos os dias por conta de variações de mercado ou de câmbio, os reajustes (para cima ou para baixo) não podem ficar pendentes, por risco de provocarem enormes distorções de uso de recursos na economia. Preços subsidiados na gasolina estimulam o transporte individual em detrimento do coletivo, enquanto promovem consumo em prejuízo de investimentos, gerando indicação oposta ao pretendido em termos de sustentabilidade urbana e ambiental. E tem mais. O subsídio segura o preço do etanol, cuja rentabilidade se reduz, denotando abandono do compromisso do governo com o programa do “combustível verde” no País. A própria Petrobras fica com sua capacidade de investir bastante prejudicada. Baixa seu rating de crédito. É induzida a buscar recursos no BNDES. Assim se reduz a oferta de crédito para todas as demais empresas brasileiras. O governo ganha popularidade com preços subsidiados. Mas é ganho precário, quando se converter em pressão sobre os orçamentos dos eleitores mais adiante. Este é o drama do governo Dilma neste momento. Uma alta de até 10% no preço final se impõe, supondo o dólar a R$2,20.

Ed.248