Nada de novo no front. O relatório Focus do Banco Central publicado hoje trouxe as mesmas velhas notícias das últimas semanas. As expectativas de mercado dos analistas das maiores instituições financeiras para os principais indicadores da economia brasileira pioraram novamente para todas as variáveis.
O cenário realmente se agrava a cada semana. Pela décima segunda semana consecutiva as projeções do mercado recuaram para a atividade econômica, ao passar de -0,78% para -0,83%. A escalada do dólar nos últimos meses, e sem previsão de trégua, somada às elevações dos preços administrados resultam em projeções para a inflação cada vez maiores, e hoje já se encontram em 8,12% para 2015. Mesmo com a expectativa de inflação acima do teto da meta, os analistas mantiveram-se com suas apostas em 13,0% para a Selic deste ano. Se olharmos apenas para os analistas que mais acertam as projeções (conhecidos como TOP 5), o cenário é ainda pior, com inflação a 8,33% e Selic a 13,75%.
Apesar de recentemente já termos nos acostumado a números negativos, talvez o mais preocupante mesmo seja a perda de confiança do mercado em relação ao cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano. Lançada como grande bandeira pelo Ministro Joaquim Levy em sua posse, a dúvida sobre seu atingimento ganha cada vez mais força. As estimativas dos analistas permaneceram por muito tempo em 1,00%, salvo pequenas oscilações para cima, mas há duas semanas o quadro se reverteu, e hoje a expectativa para o superávit já se encontra em 0,80% do PIB, muito devido ao ambiente político.
A retomada do superávit é vista como um dos grandes trunfos do Brasil para a reconquista de sua credibilidade internacional. Não atingir a meta em um cenário já debilitado compromete sobremaneira a avaliação das agências internacionais sobre o rating soberano do país.