A Nota de Política Monetária e Creditícia, divulgada hoje pelo Banco Central (BC), trouxe algumas poucas novidades ao mercado. O saldo de crédito do sistema financeiro apresentou leve aceleração na variação interanual, a inadimplência com recursos livres para pessoas físicas recuou enquanto que para pessoas jurídicas subiu e a taxa de juros aumentou mesmo com a queda do spread.
O estoque das operações de crédito atingiu R$ 3,06 trilhões em março, após aumento de 11,2% em comparação ao mesmo mês do ano anterior e 1,2% na margem. Tal expansão foi influenciada principalmente pelo incremento do financiamento imobiliário às famílias (1,6% no mês) e recursos do BNDES destinados às empresas (2,2% no mês). Em termos comparativos com o Produto Interno Bruto (PIB), a relação crédito/PIB passou de 54,4% para 54,8% no mês.
Há algum tempo a taxa de juros segue sua trajetória de elevação, mas diferentemente dos últimos meses, em março este aumento não foi reflexo da recomposição dos spreads (diferença entre a taxa de aplicação e captação de mercado). O aumento do custo de captação dos bancos influenciou no aumento da taxa de juros final em 0,2 p.p.
A taxa de inadimplência total permaneceu estável em 2,8%. Entretanto, leves oscilações foram registradas paras as pessoas físicas e jurídicas. A inadimplência das famílias sofreu queda de 0,1 p.p e das empresas subiu 0,1 p.p. Apesar desse sutil recuo, a taxa de inadimplência das pessoas físicas deverá ainda convergir à tendência de alta apresentada pelas pessoas jurídicas, uma vez que o cenário macroeconômico passará por adicional deterioração, especialmente devido ao aumento do nível de desemprego e desaceleração dos rendimentos reais.
A melhora do crédito é apenas marginal: sua tendência apresenta novos sinais de desgaste. A desaceleração do crescimento, inclusive os recursos direcionados já é iminente, uma vez que a queda da demanda por crédito deverá se manter ainda por certo tempo. Tanto o aumento da Selic como a recomposição dos spreads não darão folga aos juros. E o ambiente macroeconômico não apresenta sinais de melhora no curto prazo ao ponto de suportar a situação ainda bem comportada da inadimplência.