Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Se fosse bem planejada uma maneira de quebrar boa parte da indústria brasileira, esse plano não seria tão eficiente quanto o arranjo que está posto em prática no momento no País. Mais um estudo setorial, desta vez pela Firjan, Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, exibe números que comprovam a crescente inviabilidade competitiva de largos segmentos industriais do Brasil. A Firjan pesquisou 15 deles. No acumulado de 2011 e 2012, o aumento de custo médio do trabalho foi de 11,3% em termos reais. Oito segmentos estiveram acima dessa média, atingindo até 25,3% de alta num caso. Menos mal teria sido esse impacto de custo se acompanhado de elevações na produtividade da mão-de-obra, que variou de modo insignificante.
Dados pesquisados pela RC Consultores corroboram a pesquisa da Firjan. Entre agosto de 2010 e agosto de 2013, o custo médio do trabalho industrial saltou 11,3% reais (descontada a inflação) enquanto a produtividade evoluiu apenas 2%. Mesmo no período mais recente, em que o custo médio do trabalho vem crescendo mais devagar, a diferença é de três vezes sobre a expansão pífia da produtividade. Em outras palavras, o produto industrial brasileiro perdeu mais de 10% de vantagem competitiva, apenas por conta da folha salarial, no período Dilma, fato contornado, só em parte, pela desoneração do INSS patronal antes incidente na folha, que se deslocou para o faturamento em alguns ramos. De modo geral, o custo do trabalho é um item gravoso na produção brasileira. Porém, o campeão em destruição de caixa operacional na indústria é o manicômio tributário, seguido dos custos de infraestrutura ruim e excesso de burocracia. No último fim de semana, mais uma importante e tradicional empresa industrial, a Mangels, pediu recuperação judicial. Ela ainda gera cerca de 2 mil empregos diretos.
Ed.306