Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores

De acordo com os dados divulgados pelo BACEN na última sexta-feira, o déficit em transações correntes acumulado nos 12 meses encerrados em setembro alcançou a marca de US$ 85,5 bilhões, equivalente a 3,6% do PIB. Dentre as principais variáveis cabe destacar o incremento significativo dos gastos em viagens internacionais, que nos primeiros nove meses de 2013 aumentaram 15,9% (R$ 13,9 bi) quando comparado a igual período de 2012. Esta conta correspondeu por 40% do déficit em serviços. Também contribui para este resultado a expressiva queda do saldo da balança comercial este ano, que soma até a 3ª semana de outubro déficit de US$ 600 milhões, enquanto que em 2012 havia um saldo positivo de US$ 15,7 bi.

Este cenário não deve sofrer grandes alterações neste último trimestre, mantendo o déficit em transações correntes em 3,6% do PIB. Para 2014 é esperada uma modesta reversão deste quadro. O câmbio médio desvalorizado dará um alívio à balança comercial (saldo comercial de US$ 8 bi), restringindo o crescimento das importações. Ainda nesse sentido, a conta petróleo deverá ter um resultado melhor já que importações feitas em 2012 foram contabilizadas somente neste ano. Do lado dos serviços, a conta de viagens continuará pressionada, uma vez que a melhora do nível de renda ainda permitirá a manutenção destes gastos. Serviços de transporte e aluguel de equipamentos também não devem sofrer grandes alterações, dada a dependência brasileira em relação a estes itens. Já em relação às rendas, a desvalorização do câmbio inibirá a remessa de lucros e dividendos no próximo ano. Dado este cenário, espera-se por uma modesta reversão do quadro de deterioração das contas externas, trazendo o déficit para 3% do PIB em 2014.

Ed.301