Iniciamos o quinto mês do ano bem mais desconfiados do que no primeiro. É o que mostra o conjunto de expectativas dos analistas de mercado divulgado hoje no relatório Focus do Banco Central.
Não que tenhamos iniciado o ano otimistas, muito pelo contrário, mas de lá para cá as projeções para todas as principais variáveis da economia apresentaram uma piora constante e significativa.
Esperávamos inflação acima do teto da meta em janeiro (6,56%), mas as perspectivas semanais pioraram ininterruptamente e já contamos com um preocupante aumento de preços de 8,26% em 2015. A escalada dos preços elevou as estimativas da taxa Selic de 12,50% em janeiro para 13,50% hoje.
O baixo crescimento esperado da economia de 0,48% no início do ano era um refresco quando comparado às atuais expectativas de recuo de 1,18%, explicado em boa parte pelo titubeante ajuste fiscal. A combalida indústria ainda suspirava em janeiro com a possibilidade de crescimento de 1,02%, mas mesmo com a forte desvalorização cambial, mais um ano de retração é esperado. Após recuar 3,2% em 2014, estima-se retração de 2,5% em 2015.
Com a necessidade do ajuste fiscal, as previsões para o superávit primário em relação ao PIB começaram o ano em 1,0%. Com as declarações e convicções do ministro da Fazenda os analistas aumentaram as apostas para 1,15% no final de janeiro, mas os desentendimentos políticos esfriaram as expectativas e o número está estacionado em 0,90% desde o final de março.
Que o atual cenário é desafiador, não é novidade. Os resultados ruins dos primeiros meses só têm contribuído para piorar ainda mais as expectativas. Resta-nos saber se os ajustes propostos e a atuação mais austera do Banco Central serão suficientes para a retomada da confiança dos agentes econômicos.