Por Thiago Custodio Biscuola, da RC Consultores
O Ministério do Trabalho divulgou ontem a pior geração líquida de vagas para meses de novembro desde o surto da crise em 2008. No total o Brasil gerou apenas 8,3 mil postos de trabalho, contrariando as expectativas que eram de demissão líquida. Em linha com essa perda de dinamismo, o IBGE divulgou hoje o aumento da taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil. Segundo o instituto, a taxa de desocupação alcançou em novembro 4,8%, patamar acima dos 4,7% verificados em outubro de 2014. Em relação a novembro de 2013, o nível atual também superou o registrado naquele mês, 4,6%.
A forte retração da indústria e a desaceleração dos serviços têm motivado não só a falta de ímpeto das contratações, mas também o grande número de desligamentos. Se levarmos em conta o acumulado nos últimos 12 meses encerrados em novembro, a indústria de transformação fechou 167,9 mil vagas, sendo os setores mais prejudicados pela crise o da indústria de material de transporte (- 42,3 mil vagas), indústria metalúrgica (- 27,5 mil) e indústria têxtil e de confecções (- 20,4 mil). O setor de construção civil também sofre. Nos últimos doze meses houve demissão líquida de 69,3 mil pessoas. Comércio e serviços também contrataram menos este ano. O ciclo de demissões tende a continuar, principalmente com a perspectiva de aumento dos juros e ainda maior enfraquecimento da demanda interna. Os ajustes necessários em 2015 farão com que o mercado de trabalho tenha mais um ano difícil. A RC Consultores espera que a taxa de desemprego volte a subir pela primeira vez desde 2009, encerrando 2015 com uma taxa média de 5,5%, contra 4,9% deste ano.