A deterioração do cenário econômico impacta cada vez mais o mercado de trabalho. Se por um lado a atividade econômica em retração e a inflação em patamares elevados reduzem o orçamento das famílias, levando mais pessoas à procura de trabalho, pelo lado das empresas, tais fatores pressionam negativamente os custos, intensificando as demissões como alternativa de recomposição das margens.
De acordo com os dados do IBGE divulgados hoje, a taxa de desemprego em julho atingiu 7,5% da população economicamente ativa, sendo o maior valor registrado desde maio de 2010. Com relação aos rendimentos reais, o valor médio habitual real foi de R$2.170,70, caindo 0,2% na variação acumulada em 12 meses, registrando patamar negativo pela primeira vez desde fevereiro de 2005, quando caíra 0,1%, mantida base de comparação.
Enquanto isso o mercado de crédito fica em alerta. É certo que ainda observamos recuo na demanda por crédito da maior parte das modalidades para o consumo, mas a deterioração da renda das famílias tende a aumentar o endividamento emergencial. Os empréstimos escolhidos pelas famílias tendem a se concentrar nos créditos rotativos, recursos mais caros e com maiores incidências na inadimplência geral do sistema: se observarmos os dados do Banco Central, até maio houve uma desaceleração paulatina da categoria rotativa (recursos livres destinados às famílias), que vinha desde janeiro de 2014 diminuindo o ritmo de crescimento. Em junho, contudo, há um abrupto crescimento da modalidade, de 1,4 p.p., reforçando portanto a ideia de intensificação da utilização destes recursos.
Por ora a inadimplência ainda mostra-se estável, mas caso a tendência de forte queda dos rendimentos reais se perpetue, poderemos contar com maiores concessões na categoria de crédito rotativo. É, sem dúvida, um novo e importante fato para ser acompanhado de perto.