Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Um número que será bastante explorado no debate dos candidatos, hoje à noite, é a mais baixa taxa de desemprego (4,9%) alcançada num mês de setembro, desde 2002, início da pesquisa mensal nas seis principais capitais. Para o governo, isso denota um mercado de trabalho ainda forte. De fato, no vasto setor de serviços, cada vez maior no Brasil, o aumento do emprego foi de 3,3% sobre setembro de 2013. Contudo, nos segmentos mais sensíveis – a indústria (com queda de 6,4%) e construção civil (menos 4,4%) – o recuo de postos de trabalho é expressivo. A explicação é relativamente simples: o número oficial dos desempregados nas capitais é baixo, sim, pois decorre de diminuição do denominador da fração, ou seja, a PEA (população buscando emprego, segundo o IBGE) que recuou 1% em 12 meses até setembro, havendo caído em cerca de 200 mil pessoas, num universo, agora, de 24,3 milhões.
Não chega a ser estranho que a PEA recue em vez de aumentar. A massa trabalhadora deveria estar em expansão forte, por causa da quantidade crescente de jovens adultos em idade de trabalhar. Contudo, contam-se aos milhões os jovens “nem-nem”, que não estudam nem buscam trabalho (estando, portanto, fora da PEA). Além disso, outros milhões de “não-ocupados” são excluídos da estatística de gente buscando um emprego por causa dos variados mecanismos assistenciais, como bolsa-família, pensões a viúvas jovens, inabilitados duvidosos, bolsistas, e mesmo o seguro-desemprego. Este último, segundo dados divulgados pela Fazenda, gerará desembolso de R$ 31,9 bilhões em 2014. Quando somado ao Abono Salarial (R$ 14,6 bilhões), pressionará o Tesouro em R$ 52 bi em 2014. O País gasta, portanto, “duas Copas do Mundo” por ano para minorar o custo social do desemprego numa economia teoricamente em “pleno emprego”. Não faltará o que se debater entre indecisos e candidatos.