Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Uma das peculiaridades da economia nacional é andar, ao mesmo tempo, em duas velocidades. Notícia do Estadão dominical ilustra o nível de animação do varejo nacional, num momento em que o aumento das vendas em termos reais (volume) devem ter se aproximado da marca de 8% no ano passado, após desempenhos semelhantes desde 2007, à exceção do ano de crise, em 2009. É um resultado acumulado de grande impacto, que se traduz na percepção de conforto e autoestima de mais de 30 milhões de brasileiros integrados ao consumo de massa. Na mesma edição, o jornal estampa uma queda de 34% no nível de investimento incentivado em pesquisas e inovação na indústria, uma queda de R$10,4 bi de reais em 2008, para apenas R$ 6,8 bi investidos em 2011. Este último foi o valor aplicado em R&D pelas empresas brasileiras que se habilitaram aos incentivos da “Lei do Bem”.
O modelo de alto consumo e estímulo ao endividamento progressivo está dando muito mais certo do que os estímulos ao setor produtivo nacional. A economia brasileira tem crescido em função dos saltos do setor terciário que, no entanto, não tem a maior vocação para criar empregos de alta produtividade. Mesmo assim, os empresários do varejo têm se empenhado em crescer com tecnologias de ponta, como atesta a crescente presença de brasileiros na maior convenção do varejo do mundo, realizada em Nova York semana passada.
Ed.109