Por Yan Cattani
A realidade vivenciada pelos ofertantes de crédito tem sido cada vez mais complexa. 2016 será um novo ano de crescimento real negativo do saldo de crédito, um pouco por causa dos efeitos de desaceleração dos recursos direcionados (mais focados em investimentos, habitação e fomento de algumas atividades setoriais como agricultura, por exemplo), mas também pela expressiva queda dos empréstimos destinados ao consumo.
No entanto, outra certeza começou a firmar-se neste mercado, a do crescimento da inadimplência. Isso vem acontecendo em virtude da grande deterioração recente das variáveis macroeconômicas, sobretudo as do mercado de trabalho (leia-se aumento expressivo do desemprego e queda acentuada da renda dos trabalhadores). Era apenas uma questão de tempo para observarmos seus efeitos colaterais.
A inadimplência é um desses efeitos. De acordo com os dados divulgados hoje pelo Banco Central, a inadimplência atingiu em maio seu maior nível histórico de sua série iniciada em março de 2011, com 3,8% do total de recursos emprestados. Puxada pela elevação das taxas dos recursos livres, a alta foi focalizada nos recursos destinados para as empresas, que cresceu expressivos 0,3 p.p. e atingiu 5,4%. Tal aumento também foi observado nas taxas de recursos livres destinados às categorias de pessoas físicas, as quais encontravam-se estagnadas em 6,2% desde dezembro de 2015 e agora aumentaram 0,1 p.p.
O período é complicado, já que a inadimplência era ainda uma variável relativamente positiva no mercado. Ao que tudo indica, isto acaba de mudar.