Por Flávio Calife e Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
O IBC-BR, indicador da atividade econômica criado pelo Banco Central para antecipar os resultados do PIB, apresentou recuo de 0,2% em 2014. É o primeiro indicador a apontar a possibilidade de um crescimento negativo da economia no último ano. O resultado chega após a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio, que trouxe o baixo crescimento de 2,2% no conceito restrito e queda de 3,7% no conceito ampliado (que inclui Veículos e Materiais de Construção), e também da Pesquisa Industrial Mensal, que indicou queda de 3,2% na produção industrial do país no ano passado.
Segundo o BC, a economia patinou no quarto trimestre e dezembro foi um mês especialmente ruim, com queda de 0,55% ante novembro. Os resultados sugerem que as expectativas dos agentes em relação a 2015 podem ter sido determinantes na redução do ritmo da atividade no final de 2014, e que o ano deve se iniciar em retração.
É verdade que a revisão metodológica do PIB a ser divulgada pelo IBGE pode trazer surpresas, mas nada que mude muito o consenso de que a economia continuará enfraquecida. Até o momento, o resultado do BC corrobora o cenário de debilidade da atividade econômica enfrentado nos últimos dois anos.
Os números oficiais sobre o crescimento da economia só serão divulgados em 27 de março pelo IBGE, mas o indicador do BC já nos dá uma boa ideia do que está por vir. Se ainda somarmos os efeitos das medidas corretivas (fiscal e monetária), alto nível de preços, deterioração do mercado de trabalho e elevação do dólar, o cenário pode ser pior. Isto tudo sem contabilizar ainda os efeitos dos possíveis racionamentos de água e energia. O cenário recessivo no início de 2015 já é uma realidade.