Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

 

Com uma economia fraca demais e uma moeda para lá de “forte”, a Europa do euro e até mesmo os países fora da moeda comum, como a Inglaterra, mostram dificuldade de recuperação neste ano que fora antevisto como o de superação final da crise de 2008. O euro se valorizou quase 6% perante o dólar americano entre este abril e o do ano passado. Isso torna as exportações europeias ainda mais caras frente à concorrência americana e de quem mais esteja atrelado ao dólar. Aumenta com isso o risco de deflação na área do euro, um fantasma que traria de volta a recessão explícita, já que implicitamente a Europa nunca saiu da crise financeira, mas apenas segue administrando-a. Prova disso é a notícia circulada hoje de que o BC europeu estaria estudando um QE – Quantitative Easing (afrouxamento monetário) de nada menos que 1 trilhão de euros, estimulando a compra de títulos privados e até de ações. Mas nenhuma dessas medidas foi comprovadamente eficaz, até agora, para ressuscitar a economia mundial. O que se sabe é que os preços dos ativos em bolsa nos EUA têm subido por conta.

O “Risco Rússia” pode estar agravando o indesejado fortalecimento do euro, e até da libra esterlina, na medida em que capitais fogem das jurisdições conflagradas por perspectiva de guerra e também de calote. A Ucrânia pede US$ 30 bilhões ao Ocidente para não quebrar. O vice-presidente dos EUA visita a aliada Ucrânia e lhe passa US$ 50 milhões. Antes mesmo de o conflito com a Rússia se agravar mais, é possível que a “bomba” da frágil economia ucraniana repercuta no Ocidente, levando embora o resto de esperança num ano que alguns pensavam ser de efetiva recuperação mundial.

Ed.401