Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
Dados divulgados hoje pela Eurostat apontam que as vendas a varejo na zona do euro recuaram 0,6% em setembro face ao mês anterior, depois das subidas de 0,7% e 0,5% em julho e agosto, respectivamente. Também o índice PMI apenas para serviços na zona do euro caiu de 52,2 para 51,6 pontos, indicando uma desaceleração da atividade. Índice acima de 50 pontos indica crescimento.
Esses resultados aumentam os receios de que a retomada da economia na zona do euro esteja perdendo força e aumenta a pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE), que amanhã vai encerrar a reunião de política monetária para dar um novo vigor à recuperação econômica. Outra questão que certamente estará na pauta do BCE é a valorização do euro frente ao dólar, que vem ganhando força há alguns meses. De fato, o BCE tem espaço para anunciar amanhã a redução da taxa de juro em 0,25 pontos percentuais, atualmente em 0,50%. O Índice de Preços ao Consumidor da zona do euro tem alta anual de 0,7%, contra meta de 2%, e o PPI, índice de preços ao atacado, tem uma variação negativa de 0,9%, o que corrobora uma preocupação com a possibilidade de deflação nos preços ao consumidor. No entanto, essa possível redução da taxa de juro do euro pode não ter o efeito esperado. Enquanto as dívidas de famílias, empresas e até de países com comprometimento excessivo não forem renegociadas, será difícil romper o ciclo vicioso que amarra a economia produtiva dos países endividados. No Brasil, sofremos do mal ao contrário, pois não temos fraqueza de demanda, mas excesso, o que produz inflação, levando o BC a reprimir com aumento de juros, que continuarão a subir enquanto o governo não fizer sua parte, ou seja, corrigir o gasto público excessivo.
Ed.308