Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Com a Itália já dentro do território negativo em relação ao seu PIB e o índice de confiança ZEW do empresariado alemão no ponto mais baixo desde dezembro de 2012, a Europa mostra claros sinais de perda de vitalidade da economia comunitária, apesar de algumas exceções a tal declínio, como a da economia britânica. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, em recente pronunciamento, explicou porque o banco decidiu manter intocada a taxa básica de juro no seu nível histórico mais baixo. Além disso, o BCE havia tomado duas medidas e agora as reforçou: primeiro, manter a taxa de remuneração negativa aos depósitos dos bancos na reserva do BCE, portanto, “punindo” os bancos por deixarem recursos ociosos no BCE sem emprestá-los ao público; segundo, criando um fundo de 400 bilhões de euros para os bancos emprestarem a PMEs.
Na esteira da fraqueza europeia, a EONIA, taxa média do mercado “overnight” europeu, baixou ao seu ponto mais baixo, de apenas UM ponto-base, ou seja, 0,01%. Sobra dinheiro e falta disposição para emprestar na Europa. Com o agravamento das relações com a Rússia e ameaça de invasão na Ucrânia, as vendas europeias tendem a cair mais. Outros indicadores, como o barril do petróleo (Brent) recuaram ontem a US$ 103,50, de um nível de US$ 115 em junho passado, mesmo com erupções de conflitos sérios em vários países petroleiros, como Iraque e Líbia. A debilidade dos preços de commodities se generalizou, especialmente em minério de ferro e grãos, afetando o ganho em dólares do Brasil. O cenário de 2015 fica difícil para o setor externo brasileiro. Apenas a economia dos EUA se sobressai, pela recuperação de várias de suas cadeias produtivas exportadoras. A pergunta é saber se apenas os EUA poderão bancar a sustentação da economia mundial. A resposta é: muito provavelmente, não.