Um novo banco de desenvolvimento está prestes a surgir no mundo. O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (ou AIIB, da sigla em inglês) entra em rota irreversível, capitaneado pela China, local onde será sediado. Seu nascimento é polêmico: é a primeira instituição financeira voltada a projetos que não possui vínculos diretos com os Estados Unidos, aos moldes do Fundo Monetário Internacional ou Banco Interamericano de Desenvolvimento. Até o presente momento, cerca de 45 países já solicitaram ser membros fundadores da instituição, conforme relatou o jornal espanhol El País.
Diversas incertezas ainda permeiam o projeto, previsto para começar a funcionar até o final deste ano. Os aportes iniciais rondam a casa dos US$ 50 bilhões, com outros US$ 100 bilhões deixados como garantia. A China ainda não se pronunciou claramente sobre um possível direito de veto, uma vez que será a sócia-majoritária da instituição. Regras de governança corporativa também são uma incógnita e o excesso de competição entre os demais organismos no mundo poderá debilitar vigorosos bancos já existentes.
Não é de hoje que a China galga grandes objetivos econômicos. Após décadas de crescimento econômico anual acima dos 10%, hoje o país passa por um arrefecimento, com crescimento de “apenas” 7% no ano. Ainda assim, sua tradição bancária é considerada como sendo relativamente nova. Suas diversas empreitadas no ramo, desde a posse do presidente Xi Jinping em março de 2013, aumentaram consideravelmente. Especificamente na América Latina, os investimentos chineses aumentaram em mais de 70%. E o Brasil também embarca neste “expresso”. Sua participação em um órgão desta proporção é vista como positiva pelos investidores e como mais uma tentativa brasileira de aumentar sua integração econômica com o resto do mundo.
Mesmo com os investimentos chineses já permeando nossa economia há algum tempo, a criação de um vínculo mais formal tende a facilitar as entradas de recursos para o país, que passa por um momento crítico, tanto a nível macroeconômico, dada as projeções de queda do PIB de 2015, quanto a nível setorial, a exemplo da Petrobras, que fechou na semana um contrato de US$3,5 bilhões com o Banco Chinês de Desenvolvimento somente para fazer caixa e honrar suas dívidas de curto prazo. É boa a hora para novos recursos.