Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O discurso de Ben Bernanke (do FED), ontem na Câmara de Deputados dos EUA, trouxe alívio momentâneo aos mercados. Entretanto, poderá ter efeito curto diante dos temores da desaceleração mundial no horizonte. A fala de Bernanke contém um receio cifrado sobre o recuo no ritmo de demanda em vários países emergentes, em especial a China – cujos problemas de liquidez nos bancos é pior do que se noticia – mas também pela desaceleração na Índia, Turquia, Brasil, México, apenas para citar alguns emergentes de porte. Por isso, Bernanke desfez parte da ameaça anterior de iniciar a redução nas injeções maciças na economia americana. A queda de quase 10% em junho (sobre maio) no ritmo de novas construções residenciais nos EUA – que vinha bem – parece dar razão à continuidade da política de sustentar a economia americana à base de anabolizantes.

O efeito da fala de Bernanke no Brasil ajudou a recuperar o Ibovespa de alguns pontos e fazer recuar o dólar para a faixa de hoje, a R$2,23. Mas ainda é cedo para apostas sobre a estabilidade de qualquer cotação frente ao Real, pois o Banco Central, em sua Ata de hoje, não deixou claro o caminho dos juros nas próximas reuniões. A inclinação percebida é de que a inflação se acomodou, embora elevada, sugerindo altas mais moderadas nos juros. Por outro lado, surgem projeções de déficit na balança comercial, como os US$ 2 bilhões divulgados pela AEB (Assoc. dos Exportadores). Para estes exportadores, o câmbio deveria andar pelo menos em R$2,40. Nossa aposta, da RC Consultores, continua sendo de R$2,20.

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