Considerado um paradoxo da economia brasileira nos últimos anos, a taxa de desemprego seguiu um longo caminho de gradativas reduções ao mesmo tempo em que os preços mantinham-se controlados. Mas esse cenário mudou, convivemos com altas taxas de inflação e aumento nos níveis de desemprego. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua), divulgada hoje pelo IBGE, a taxa de desemprego no primeiro trimestre do ano atingiu 7,9%, registrando um aumento de 0,7 p.p. em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. O desemprego do trimestre encerrado em março foi o maior dos últimos dois anos.
Com a perda de fôlego da atividade econômica, a economia não consegue gerar a quantidade de empregos suficiente para atender o aumento de pessoas no mercado de trabalho, criando-se assim uma pressão sobre os rendimentos. Na comparação interanual entre o primeiro trimestre de 2015 e 2014, o aumento da população desempregada foi de 12,6%, mesmo com o acréscimo da população ocupada, 0,8% na mesma base de comparação. Com isso, o rendimento médio real habitual mensal permaneceu em R$1.840, ou seja, as famílias não tiveram ganhos reais na comparação interanual e mais pessoas procuram emprego.
Os números são condizentes com o atual cenário que contempla os ajustes fiscal e monetário e a desconfiança por parte dos empresários e dos consumidores. A questão agora não é nem mesmo o trade-off entre desemprego e inflação, já que hoje temos os dois.
Mesmo com a piora do cenário macroeconômico, as famílias conseguiram superar as adversidades e honraram suas obrigações financeiras. Isso foi possível graças às boas condições do mercado de trabalho. A redução ininterrupta da taxa de desemprego e o aumento dos ganhos reais deram respaldo às famílias nesse período. Resta saber agora, quão dolorosa será a perda desse trunfo.