Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores

Desde o ano de 2008, ano de estouro da crise financeira, não era observado um saldo negativo no fluxo de divisas. Naquele ano o fluxo foi negativo em US$ 983 mi, muito inferior ao verificado em 2013, cuja saída líquida de divisas somou US$ 12,26 bi. Este resultado só não foi pior que o verificado em 2002, ano de eleição de Lula, quando o fluxo negativo fora de quase US$ 13 bi. No resultado do ano passado, destaque para as operações financeiras que sofreram com a saída líquida de US$ 23,4 bi. A conta comercial, por sua vez, teve saldo positivo de US$ 8,37 bi.

A saída expressiva de dólares ao longo do ano de 2013 deveu-se, sobretudo, às incertezas quanto ao fim do programa de compra de títulos do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). O temor quanto à retirada dos estímulos monetários fez com que aumentasse a aversão ao risco em relação aos mercados emergentes, promovendo grande afluxo de recursos destes países. Brasil e Índia foram os que mais sofreram, e viram suas moedas depreciarem fortemente. A perda de credibilidade da política fiscal brasileira acentuou este processo. Contribuiu também o menor saldo da balança comercial em treze anos, com o superávit de apenas US$ 2,56 bi. O ano de 2014 começa com incertezas ainda maiores. A deterioração do quadro fiscal brasileiro aumenta o risco de rebaixamento da dívida soberana brasileira pelas agências de rating. Apesar de uma provável melhora do saldo comercial, o fluxo cambial poderá continuar pressionado, o que eleva a possibilidade de um novo ciclo de aumento na taxa básica de juros.

Ed.342