Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Durante seu encontro anual, o FMI soltou revisão (baixista) de suas previsões anteriores sobre 2013 e apontou para um 2014 mais acelerado do que este ano. Na reunião de outubro de 2012, o Fundo previra que o mundo cresceria 3,6% em 2013, recuperando-se da fraqueza sentida no ano passado. De fato, não aconteceu. A crise perdurou em 2013. Agora o Fundo acaba de prever os mesmos 3,6% para 2014. É como se transferisse seu cauteloso otimismo para o próximo ano. Nessa nova projeção, o papel dos EUA ficará mais relevante, pois o FMI espera que o ritmo do PIB americano se acentue dos atuais 1,6% para 2,6% em 2014. Pelas projeções, o Brasil cresceria menos que os EUA no ano que vem, pois o FMI projeta o Brasil repetindo os mesmos 2,5% deste ano.

O FMI tem errado suas projeções desde antes do começo da atual crise mundial. Não capturou o tamanho da reação que viria dos afrouxamentos monetários, no sentido de inflar a velocidade das economias emergentes em 2010 e 2011. E tampouco antecipou o esgotamento do efeito dos bancos centrais insuflarem enorme liquidez. O FMI achava, em 2012, que a força do crescimento nos países emergentes garantiria a demanda mundial. Estava enganado. Em 2013, a grande maioria dos emergentes desacelerou em função dos déficits em conta corrente (casos da Índia e Brasil) ou por menor impacto dos investimentos, caso da China. Outros emergentes de médio porte, como México e África do Sul também desapontaram bastante. A pergunta é: continuarão desapontando ou haverá reaquecimento? A atual situação fiscal nos EUA e seus impasses políticos não ensejam grande otimismo sobre 2014. O FMI poderá errar de novo, por otimismo recorrente.

Ed.288