Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O primeiro ministro François Hollande anunciou aos franceses um ano difícil em 2013: entre aumento de impostos (20 bilhões de euros) e cortes em despesas públicas (10 bilhões de euros), o governo pretende economizar 30 bilhões, trazendo o déficit fiscal para a meta de 3% do PIB. Em 2011, o déficit atingiu 5,2% do PIB. Este ano, embora a projeção oficial seja de 4,5%, esta não deve ser atingida com facilidade. A meta de 3% para o próximo ano é mais complicada, devido ao fato de se estar projetando mais um ano recessivo para a economia francesa, inclusive em função do aperto fiscal anunciado.

A crise chega ao território francês e ao bolso dos ricos. Estes terão que pagar até 75% de alíquota marginal de imposto de renda, o que tem um péssimo efeito de anúncio sobre o humor dos investidores de modo generalizado. A França repete a experiência socialista de outro François, o Mitterrand, que também sobretaxou a riqueza nos anos 80, com efeitos negativos imprevistos sobre as decisões de investimentos no país. A notícia do pacote fiscal francês é prenúncio de um cenário recessivo não só na França como em toda a Europa em 2013. Com isso, a repercussão inevitável é que diminuirão as chances de uma recuperação expressiva do comércio mundial, atrapalhando a retomada no Brasil.

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