Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A Eletrobras, estatal federal de geração elétrica, acaba de desistir da emissão de R$2 bilhões em debêntures que faria para reforçar suas disponibilidades para investimentos. O mercado não se mostrou disposto a absorver os papéis. O motivo seria uma recente revisão tarifária feita pelo regulador ANEEL, prejudicando futuras receitas da empresa. A mesma incerteza ocorre em relação a outras importantes geradoras nacionais, inclusive a CEMIG, que conseguiu, no entanto, captar R$2,1bilhões antes da mudança tarifária recente.

As incertezas de mercado enfrentadas pelas elétricas se somam ao risco hidrológico pela falta de chuvas nas bacias dos principais rios que abastecem os reservatórios do País. Ao final do período de chuvas, em março, o nível Brasil dos reservatórios está em 47%, contra 77% no ano passado. No ano da grande crise, em março de 2001, o nível era só um pouco pior do que hoje, de 41%. O governo vem se desvencilhando dos impactos desse eventual choque de oferta sobre os preços ao fazer uma desoneração para o consumidor, ao baixar as contas de energia. Esse corte de preços estimula o consumo de um produto escasso, a eletricidade na rede. Em compensação, desestimula a oferta futura pela queda das receitas empresariais.

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